22 de agosto de 2024 foi marcado por várias comemorações pelos 57 anos de existência do Centro Universitário do Distrito Federal, o UDF. Esta casa, cuja identidade é a educação, me acolhe desde 2018. Já trabalhei em muitos projetos no UDF, mas onde dedico a maior parte do meu tempo é na docência. Sou professora, tenho turmas de estudantes e atuo na orientação e apoio aos professores do UDF.
Muitas vezes, após ouvir relatos de meus colegas, fico a pensar: – qual é o papel do professor nestes tempos de mudanças constantes, que nem sequer sabemos de onde vêm e muito menos temos condições de prever para onde vão? Mas, deixemos isso de lado. É mania de professora querer prever o futuro e entender as razões por trás dos fenômenos. No entanto, essa pergunta não me abandona, e preciso dedicar mais tempo a ela. Na verdade, não se trata apenas de uma mania de professor em querer explicar tudo.
A angústia de tantas perguntas que nos perseguem hoje na docência é que sabemos que se não soubermos onde estamos e não nos perguntarmos por que o que acontece em sala de aula está acontecendo, corremos o risco de ficarmos paralisados e perdermos o sentido da docência.
Por isso, o sentimento mais forte é o de confusão. E se estamos confusos, podemos perder a vontade de seguir em frente. Mas, como somos professores, a pergunta sobre o sentido de ser professor também não nos abandona. Afinal, construir sentidos nos constitui professores.
Como professora, anseio por uma resposta ou, ao menos, a possibilidade de delinear um caminho de investigação.
Nesta data de comemorações de aniversário do UDF, encontrei muitos estudantes, jovens e adultos, professores, pessoal da gestão e o grupo que nos apoia em todas as atividades. O que ficou claro, de várias formas, é que o UDF existe porque tem professores e estudantes. E isso é verdade! Mesmo com a confirmação dessa verdade, o sentimento de confusão não nos abandona. E isso não acontece apenas no UDF; trabalho com várias escolas de diferentes níveis e a conversa tem girado em torno da mesma questão: somos professores, e para onde vamos? O que está acontecendo nas salas de aula?
Como professora, anseio por uma resposta ou, ao menos, a possibilidade de delinear um caminho de investigação. No entanto, o que possuo é uma confusão que paira sobre mim quanto ao sentido da docência. Curiosamente, e talvez de forma bela, estamos em tempos de transição, navegando por mares nunca antes explorados. Nossa construção sobre o ser professor está em suspenso, e nós, professores, nos encontramos em um constante questionamento sobre nossa própria identidade.
Como professora, quero finalizar este pequeno texto, evitando as armadilhas da confusão. Lembrei-me de um filósofo que me ajuda a refletir em muitos momentos: Hans-Georg Gadamer. Ele oferece uma perspectiva valiosa para pensar sobre a identidade do professor.
A primeira pista que ele nos dá é que essa construção é um processo contínuo. A partir dessa ideia, compreendo que vale muito a pena o esforço para entender o que acontece em nossas salas de aula hoje. Isso nos ajuda a nos compreender como professores e a encontrar o sentido de estarmos aqui.
Agradeço ao UDF por me permitir continuar questionando e incorporando tantas coisas novas na construção de quem sou.
Prof.ª Dr.ª Janete Cardoso
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